sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

A Fábula do Noel

Um menino, na celebração de Natal, enviou ao velho Noel uma carta angustiada:
-Querido Papai Noel, fui um bom menino esse ano, cumpri com todos os meus deveres, não desonrei minha família, tratei meus amigos como uma outra família. Não menosprezei os idosos e sempre atentei ao bem. Queria então, que atendesse ao meu pedido, esse que tanto machuca meu coração:
Queria ter poder para mudar o mundo. Queria poder abrir mares, voar pelos céus como um super-homem, assim como sua poderosa visão de calor e sopro gelado. Queria poder parar o tempo, segundo por segundo, minuto por minuto, e queria que cada segundo parado para mim fosse um sonho realizado. Não um sonho meu, mas um sonho de outrém. Quero que cada minuto parado seja uma vida que se salva, uma mãe que sorri, um roubo que se evita, um povo que brinda. Queria que todos entedessem o quão terrível tem sido nossa história. Quanto trapaça, inveja, mentira, morte e sangue sepultam e pavimentam a nossa jornada por este belo planeta Terra. E o quão desrespeitada foi nossa mãe Gaia, que tão gentilmente nos acolheu e nos deu filhos para sonhar, céus para admirar, flores para suspirar e amores para se levar. Mas acima de tudo: queria que essas pessoas entendessem que o passado não pode ser mudado, mas o futuro depende de nossos atos. Queria que elas entendessem que o mundo não é mal por natureza, mas sim nós é que nos conformamos com a nossa própria maldade, e assim entramos numa dança infinita de morte e matança, roubo e vingança. Pai Noel, faça os perceber que podem salvar o mundo apenas com uma atitude, que podemos sim construir uma história digna de uma lágrima, não de tristeza, mas sim de alegria e de admiração. Que nossos sucessores se emocionem com seus livros de história, pelo valor, pela audácia e pela coragem de nossa gente, que teve coragem de mudar um pensamento até então incontestável: que o ser humano é egoísta por natureza.
Pai Noel, meu desejo parece longo e complicado, e também o senhor deve estar cansado de tanto sofrimento na raça humana, de tanto chorar pelas crianças abandonadas e odiadas. Mas não desisto de meu sonho, pois se sou idiota e ingênuo por nele acreditar, então o senhor não poderia me dar melhor presente do que me fazer ingênuo pelo resto da vida.

E se o senhor não puder atender ao meu pedido, então tenho apenas mais um a lhe fazer: que o senhor não desista jamais de seus sonhos.
Feliz Natal!

A resposta do velho Noel foi apenas um único bilhete:
Este poder que me pede você já o tem: é o poder de devolver o sonho a quem o perdeu.
Feliz Natal, e nunca desista do seu sonho.