quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Cyberpoesia Aplicada

Hoje a pena não mais cria versos,
não mais choraremos, nem lembraremos
das noites em claro em que o verso,
como uma ânsia de vômito nauseabunda
pede ao poeta a pena, assim como a criança
pede ao pai um brinquedo.

Hoje não mais abrirá,
tua porta e nela encontrará
um carteiro vestido de amarelo,
um envelope simpático de algum amigo distante
e os versos dançantes por sua caligrafia feita em instantes.
Mas agora um rato lhe mostrará
o caminho de sua caixa de e-mail
e lá como sempre, o e-mail daquele amigo não tão distante
com as letras padronizadas e digitadas,
os versos dançando e sorrindo.

Embora o verso não mais nasça da tinta,
embora não se formem mais poetas na Torre de Marfim
para que se há o Microsoft Word?
O verso ainda insiste, insiste em querer sair...
Seja pelos dados, seja pela tinta,
seja pelo sangue, seja pela boca
Como uma ânsia, uma ânsia nauseabunda
que sempre há de lhe tirar o sono
E nem mesmo em seu túmulo cibernético
Há de te abandonar,
pois o verso nasceu para sempre atormentar.

Um comentário:

Unknown disse...

chocado. depois venho comentar mais.