quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Koyaanisqatsi


Ficha Técnica:
Gênero: Documentário
Tempo de Duração: 86 minutos
Ano de Lançamento (EUA):
1983
Direção: Godfrey Reggio
Roteiro:
Godfrey Reggio e Ron Fricke
Produção: Francis Ford Coppola
Música: Phillip Glass
Fotografia: Ron Fricke
Edição: Alton Walpole e Ron Fricke

Trailler:
http://www.youtube.com/watch?v=PirH8PADDgQ


Sinopse:

Koyaanisqatsi: Life out of balance é um documentário lançado em 1983 dirigido por Godfrey Reggio com música do compositor Philip Glass.

É o filme mais conhecido da trilogia Qatsi, que é composta juntamente com as seqüências Powaqqatsi (1988) e Naqoyqatsi (2002).

A trilha sonora deste documentário possui grande importância pois o desenrolar tem a velocidade e o tom ditados por ela. Não existem diálogos e também não são feitas narrações durante todo o documentário.

São apresentadas cenas em paisagens naturais e urbanas, muitas delas com a velocidade de exibição alterada. Algumas cenas são passadas mais rapidamente e outras mais lentamente que o normal, criando juntamente com a trilha sonora uma idéia diferente da passagem do tempo. Vários dos efeitos apresentados se tornaram clichês usados em outros filmes e programas de televisão.

A palavra koyaanisqatsi tem origem na língua Hopi e quer dizer "vida desequilibrada", ou "vida louca". O significado é revelado ao final do documentário antes da apresentação dos créditos. No final do documentário são cantadas três profecias do povo Hopi em sua própria língua, as quais também têm suas traduções apresentadas antes dos créditos.

O filme leva sua audiência a refletir sobre os aspectos da vida moderna que nos fazem viver sem harmonia com a natureza, bem como a pressão exercida pelas inovações tecnológicas que tornam o cotidiano cada vez mais rápido. Como curiosidade, podemos observar que próximo dos 37 minutos do início do filme, aparece a implosão do Edifício Mendes Caldeira, que deu lugar à Estação Praça da Sé, do Metrô de São Paulo.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Koyaanisqatsi

Resenha:

Particularmente, não sou grande admirador de filmes excessivamente cults. Geralmente quando alguém me indica um filme cult, é o tipo de filme em que o diretor me joga um bando de elementos desconexos, citações de pessoas famosas, imagens confusas, e de preferência, um ritmo horrosamente tedioso, de forma que eu me sinto absolutamente entediado enquanto outras pessoas se sentem incrivelmente inteligentes.

Mas seria uma grande injustiça se eu falasse isso de Koyaanisqatsi. O filme é inegavelmente cult. Pelo menos cult no sentido de não ser filme blockbuster e ter um roteiro nada convencional, mesmo para filmes europeus ou asiáticos. Mas esse filme é definitivamente uma obra-prima de Godfrey Reggio.

Phillip Glass, acredito eu, dispensa apresentações quanto à qualidade de seu trabalho em trilhas sonoras. De fato, o filme não tem personagens, mas se eu nomeasse algum protagonista, ele seria Phillip Glass, pois é ele quem deu quase toda a cara do filme.

Pra início de análise, nas palavras do diretor, Koyaanisqatsi é uma viagem alucinante pelo mundo. Koyaanisqatsi significa Vida Louca, e é de fato um sentimento muito presente durante o filme. O ritmo do filme é ditado basicamente pela música. Se a música se acelera, o ritmo do filme da mesma forma começa a se acelerar, a própria câmera acompanhando o beat da música.

O filme começa com uma música bem suave e algumas imagens bem lentas. Nesse estado do filme, é necessário que se preste muita atenção, pois ele não é envolvente, o sentimento é quase como de visitar um campo. A beleza da coisa fica diante aos nossos olhos, mas só quem estiver disposto consegue enxergar a arte ali. Paisagens naturais são mostradas, assim como alguns elementos da indústria e ações humanas. O filme trabalha muito com a temporalidade, lidando com fluxos temporais (o que particularmente acho fantástico) acelerados ou lentos, dependendo do que a música pede. Acredito que os clichês com estes fluxos tenham começado após esse filme.

Quando a música começar a se acelerar, prepare-se: agora começa o verdadeiro filme. Agora já não é necessário tanto esforço. Poderia comparar esta beleza como pular de paráquedas, é praticamente impossível não admirar as imagens e a música que se desenrolam a nossa frente. De fato, muitas imagens que o filme mostra são ao mesmo tempo lindas e terríveis, fascinantes e chocantes, e essa é uma antítese que é presente durante todo o filme. Espectadores mais sensíveis podem sentir um leve desespero diante deste contraste, quase como se sentiam os barracos na época da Renascença, sem saber se deve-se admirar a cena ou repudiá-la.

Algumas cenas do filme são memoráveis, como por exemplo, o porta aviões que contém a famosa equação de Einstein, E = mc^2. Como estudante de física, quase tive um orgasmo com essa cena, porque de fato a maioria das pessoas desconhece que essa equação tem praticamente um gigantesco aviso escrito PERIGO.

Mais palavras sobre cenas ou momentos seriam desnecessárias, primeiramente porque estragariam a surpresa e segundo porque não serviriam. Como muitos trabalhos surealistas, este filme é um filme para ser sentido, e não para ser analisado. Algumas cenas nos tocam de uma maneira que é impossível expressar em palavras, mas que é bom saber que esse sentimento não nos é exclusivo, e que alguém no mundo compartilha dele.

É um filme diferente, e deve ser assistido quando você busca um momento mais introspectivo e de admiração. Não recomendo como pura distração. Mas com toda certeza, é uma obra-prima que não pode faltar no conhecimento de nenhum cinéfilo.

Bom filme!

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