Não sei.
Um grande amigo e eu estamos dialogando um dia desses. Qual o problema em dizer "não sei"? Com o advento da tecnologia, da globalização e dos meios de informação, a sentença "não sei" caiu em anacrônismo, tornou-se obsoleta. A maioria das pessoas hoje têm informações por mais superficiais que sejam de vários assuntos, ou melhor dizendo, pensam ter boas informações sobre os mais variados assuntos. Não estamos mais interessados em escutar, estamos interessados em expôr o que sabemos.
O que seria o diálogo? Não seria a troca de informações? A troca de conhecimentos? Que dizer da discussão? Seria o mesmo que o diálogo? De certa forma sim. Mas podemos apontar aqui uma distinção, pelo menos para fins deste texto:
Diálogo - Consiste na comunicação de maneira a trocar opiniões e com base nisto construir conhecimento;
Discussão - Embate no qual os participantes estão interessados meramente em expor que a sua opinião é a opinião "verdadeira" e todos os demais estão equivocados. A sua opinião é a máxima, imperneável. As opiniões dos demais devem no mínimo serem aperfeiçoados para que possam ser válidas.
Urge que deixemos de discutir e passemos a dialogar. Dizer "não sei" hoje em dia é motivo de escândalo. Quantos namoros já foram terminados com um simples "não sei"? Não sei onde estive ontem a noite, não sei se estou pronto (a) para uma relação sexual, não sei se realmente tenho amor por você, não sei é hora apropriada para isso. Mas "não sei" no momento certo é a resposta de um sábio. É tão mal calar quando se deve falar quanto falar quando se deve calar. "Não sei" é a resposta sem erro, presumindo que você não conheça o assunto de fato.
Antônio Ermílio de Morais, um dos empresários mais bem sucedidos do país tem para isto uma parábola interessante:
Quando se pergunta "hoje vai chover?" é possível determinar a sua profissão pela sua resposta. "É provável" indica uma pessoa da área de econômicas, adoram probabilidades, números especulações. "Fez calor, acho que sim" indica uma pessoa no ramo da física, conhecedora dos fenômenos da natureza. "Se o céu escurecer sim" indica uma pessoa no ramo matemática, trabalhadora de condicionais, variáveis, equações entre outros. "Se Deus quiser sim", provavelmente uma pessoa religiosa, do ramo teosófico. "Não sei" indica um profissional bem-sucedido em qualquer área. Uma pessoa que admite não conhecer, além de demonstrar humildade, não passa informações incorretas que fariam um mal muito maior do que o desconhecer dele. Poupa assim a todos de informações erradas, evitando transtornos e agilizando qualquer empresa ou qualquer pesquisa científica.
Mas o problema é que nós não queremos escutar, não queremos dialogar, queremos discutir. Queremos que todos sejam como nós. Como queremos que todos sejam como nós se nós não somos únicos, somos múltiplos? Ora queremos emagrecer e nos empenhamos para isso, ora não queremos mais. Ora queremos estudar para mostrar-nos cultos, ora não queremos mais. Ora amamos uma mulher ou homem e no instante seguinte traímos aquele ente a quem juramos amor eterno de joelhos.
Como queremos Iluminar alguém se somos tão adormecidos e cegos como ele? A Revolução tenque partir primeiro de você mesmo. A sociedade é reflexo do indivíduo, é urgente que tornemo-nos cientes disso.
Não tenha medo jamais de dizer não sei. Não tenho medo de admitir um erro. Não tenho medo de pedir auxílio. Tenha medo de se tornar cego pelo orgulho. Tenha medo de esquecer que não somos perfeitos ainda. Tenha medo de não perceber que se esta adormecido.
Paz Inverencial.
2 comentários:
nunca pensei que chegaria o dia
em que desconhecer algo seria pecado.
Em que dizer a verdade, no caso, assumir que de fato, não sabe do que se trata, seria uma das maiores heresias, até maior do que mentir e tentar cobrir a falta de conhecimento por um conhecimento chulo e superficial...
é meu caro amigo
na era da modernidade e da velocidade
é mais plausível ter respostas rápidas e "modernas", mesmo que sem conteúdo, do que simplesmente assumir não saber.
muito bom o texto
já está favoritado
quando puder passa no meu canto
e comenta os textos deste aprendiz de escritor.
abraços.
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