terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Procura-se

Procuro alguém que me entenda. Procuro alguém que queira estar ao meu lado. Alguém que esteja ao meu lado não porque tenho inteligência, não porque sou elegante. E sim porque simplesmente quer estar ao meu lado. Procuro alguém que levantaria às 4:00 somente para que dêssemos uma volta, somente para que vissemos nossas faces. As palavras trocadas não passariam de um simples "bom-dia", quem sabe talvez um "dormiu bem?", ou talvez discoressemos sobre a existência, sobre as borboletas, sobre a vida. Quem sabe? Para esta pessoa não faz diferença. O que importa é estarmos juntos.

Procuro alguém que perde o sono por seus amigos. E fica em uma batalha incansável com a cama até que finalmente se levanta, não agüentando a terrível angústia e saudades. Procuro alguém que se questione de sua existência, reveja seus conceitos...por uma mera cara triste de alguém que ama. Procuro alguém que goste de viver todo dia, só pra ver o sorriso de seus amigos. Só pra escutar a risada de suas almas. Só pra poder ser útil quando nada mais parece dar certo.

Procura alguém que sempre tenha sempre. Procuro alguém que é sempre capaz de dar-me uma segunda chance, alguém que perdoa pecados irredimíveis, releva coisas irrelevavéis e exalta qualidades invisíveis.

Procuro alguém cujo coração bate mais forte, sofre de nervossísmo, a beira do delírio, quando faz uma ligação a um amigo. Alguém que se alivie só de escutar a sua voz. Alguém que ganhe o dia por um simples abraço, por um simples carinho.

Madrigal Melancólico
(Manuel Bandeira)
O que eu adoro em ti,
Não é tua beleza.
A beleza, é em nós que ela existe.
A beleza é um conceito.
E a beleza é triste.
Não é triste em si,
Mas pelo que há nela de fragilidade e incerteza.

O que eu adoro em ti,
Não é tua inteligência.
Não é teu espírito sútil,
Tão ágil, tão luminoso,
-Ave solta no céu matinal da montanha.
Nem é tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.

O que eu adoro em ti,
Não é tua graça musical,
Sucessiva e renovada a cada momento,
Graça aérea como o teu próprio pensamento,
Graça que perturba e satisfaz.

O que eu adoro em ti,
Não é a mãe que já perdi.
Não é a irmã que já perdi.
E meu pai.

O que eu adoro em tua natureza,
Não é o profundo instinto maternal
Em teu flanco aberto como uma ferida.
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
O que eu adoro em ti - lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em ti, é a vida.



Perdoai-me, também tenho meus momentos de fraqueza.
Paz Inverencial.

Um comentário:

Anônimo disse...

procurar alguém para si
é uma busca de todo ser humano.
Alguém com quem conversar quando ninguém mais quer falar, alguém com quem compartilhar momentos únicos

essa busca pode levar a vida inteira
ou uma questão de segundos, a única coisa
que muda, é a forma com que você vai reagir a essa busca, se vai se entregar
totalmente a ela e passar por mal bocados, procurando em todos os conhecidos algo desconhecido, ou se vai viver independente disso, e esperar que as coisas se encaixem de forma que a busca de torne mais fácil

se ela é dificil?
depende da forma com que você a encara.



muito bem escrito
muito bonito
parabéns abraços.